domingo, 18 de setembro de 2011

Ausência, fictícia



Não me abstive, a ausência foi incessantemente ficticia.


O cognos nao se deixou adormecer, engoliu mordazmente a pastilha do pensamento bloqueada pela maré de um sentimento.

Já me perdi, perdi-me no que nao sou, perdi-me no que me transformo. Eu, monstro eclético, animal de heresia.
A paixão é agora um alimento, de deglutinação dolorosa, uma odinofagia que me mata e me preenche.

Como um meandro na mais temerosa planície aluvial surgiu este algo,
           esta denominação que acelera um qualquer ventriculo ou valvula do meu motor orgânico.
Surgiu este não sei quê, nasceu o que em mim há muito não chovia,
                  esta intempérie que me move e me faz tocar a alegria mais inatingivel.

Estou a àcidos, dos mais dementes, queimando, num paralelismo metafórico, até à última ponta, a mais infindável ponta.

Inconsciente, louco, do cerne à epiderme, totalmente louco (por outrem).
Apaixonado, num louvor às construções liricas que o ser me alicerça.
Rosas Roxas que só a foice negra desabará.
Aqui me encontro, aqui me perdi,
              mas não me abstive, a ausência foi incessantemente ficticia.



Vejo me sinistramente envolto em hologramas sonhadores e amo, do falo à sinapse, do falo ao motor da vida, amo. 



quarta-feira, 22 de junho de 2011

O reacender da chama petrificada

O depósito não foi reabastecido, a caneta ficou sem tinta.
O artista não morreu, o liricismo não se evaporou na neblina figurada, a mente mantém-se atroz e a escrita calejada.

Aqui reacendo a chama por tempos petrificada e inalo mais um bafo desse cigarro fictício que me transforma.
Sem soltar vernáculos, percebo a limitação da existência própria e encontro no conformismo a felicidade irrisória.

Aqui me garanto a expor a minha nudez mental e toda a sua face evolutiva, numa dádiva unilateralmente constante.

Deixo por agora o rastilho que irá gerar obra, deixo por hoje em branco a tela que irá virar bomba, dou por enquanto adormecido o crepitáculo que explodirá em arromba.

Deixo me estar, até à próxima convulsão de partilha cibernáutica.

(Deixem a porta aberta)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Abertura de portas às horas do cheiro a tinta

Alimento na mente um despautério moribundo, venerando o iconoclasmo e desprezando o auto-pasmo.

Hoje expando o meu ser, libero tudo aquilo que não pareço temer
Acordo na caneta um demónio sem fim e afogo no papel qualquer quase querubim

Bem-vindos.